Deputado baiano Roberto Carlos (PDT) disse que desconhece acusações. Operação ‘Detalhes’ da Polícia Federal descobriu oito servidores fantasmas.
O deputado estadual da Bahia Roberto Carlos (PDT) apareceu na Assembleia Legislativa pela primeira vez, na terça-feira (10), após as acusações de manter “servidores fantasmas” e desviar salários desses funcionários para benefício próprio.
“Até o momento, nós não recebemos o inquérito da Polícia Federal, nem eu, nem meus advogados. Só a partir do momento que nós tivermos esses processo na mão é que nós vamos nos pronunciar. Até o momento, a gente não sabe qual tipo de investigação está sendo feita porque nós não temos o inquérito. Eu encaminhei, junto com meus advogados, um ofício no dia 3 à Polícia Federal solicitando uma cópia do inquérito, como também me colocando a inteira disposição para qualquer tipo de esclarecimento”, disse o deputado Roberto Carlos.
O esquema foi denunciado pela Polícia Federal (PF), que organizou a operação “Detalhes” para desvendar o caso. De volta à Assembleia, o deputado Roberto Carlos evitou ficar no plenário e passou a maior parte do tempo nos corredores e na sala de descanso. Ainda assim, o painel eletrônico registrou a presença dele.
Em entrevista coletiva concedida no dia 5 de abril, o deputado disse que está sendo vítima de perseguição política, mas que as acusações não irão impedir o lançamento de sua candidatura para a prefeitura de Juazeiro, cidade onde nasceu, nas eleições de 2012.
Esquema
O deputado é alvo da ‘Operação Detalhes’ deflagrada pela Polícia Federal na manhã do dia 3 de abril. Ele é suspeito de contratar oito assessores “fantasmas” que recebiam salários de R$ 3 a R$ 8 mil. Os valores eram sacados por outra pessoa, ainda não identificada, que repassava a quantia para as contas do deputado e de parentes dele. Os assessores e o deputado são suspeitos de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e peculato.
Segundo a PF, oito “funcionários fantasmas”, todos da cidade de Juazeiro, participavam do esquema de desviar os salários, ou parte do dinheiro, para o deputado Roberto Carlos Almeida. Seis desses servidores foram ouvidos pela polícia na manhã de terça-feira e confessaram participação.
Investigação
Segundo o superintendente regional da Polícia Federal em exercício, Daniel Veras, as investigações começaram a partir de um relatório emitido pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), enviado à Polícia Federal, no qual foram identificadas movimentações financeiras atípicas realizadas por familiares do deputado no período de 2008 a 2010.
A investigação foi iniciada pela Delegacia da Polícia Federal em Juazeiro há dois anos e 12 mandados de busca e apreensão foram expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília. Roberto Carlos Almeida é o atual presidente do clube de futebol Juazeirense e atua como corregedor na Assembleia Legislativa da Bahia. Documentos e computadores foram apreendidos pelos agentes federais no gabinete do deputado na Assembleia, em Salvador. Também houve averiguações nas cidades baianas de Juazeiro e Uauá, além de Petrolina (PE).
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