Num momento em que a classe política brasileira foge dos holofotes, o governador Jaques Wagner (PT) e ACM Neto (DEM) vão às ruas para o cortejo do Dois de Julho e terão de enfrentar um verdadeiro teste de popularidade na principal festa cívica da Bahia.
O desfile marcará a primeira aparição pública de prefeito e governador desde a eclosão dos protestos que movimentaram as principais cidades brasileiras, incluindo Salvador, desde o início da Copa das Confederações. As manifestações, dentre outros pleitos, colocaram em cheque os atuais representantes da classe política brasileira.
A expectativa é que o cortejo do Dois de Julho seja marcado por mais protestos, incluindo desde os de segmentos tradicionais, como os servidores públicos, às manifestações mais difusas como as impulsionadas pelo Movimento Passe Livre.
Apesar da expectativa de manifestações e possíveis vaias, o governador Jaques Wagner e o prefeito ACM Neto confirmaram presença na solenidade e garantem percorrer todo o trajeto do desfile cívico.
Blindagem
Esta será a primeira vez, que o ACM Neto participará do desfile do Dois de Julho na condição de prefeito. Em janeiro, quando participou da Lavagem do Bonfim – data que também serve de termômetro para a classe política – o recém-empossado prefeito foi festejado pelo público, o que fez ele e cumprir o trajeto em quatro horas.
No atual cenário pós-protestos, contudo, aliados de ACM Neto dão como incerta a receptividade das ruas. Desde o início das manifestações, o núcleo-duro do Palácio Thomé de Souza tem atuado no sentido blindar o prefeito de eventuais desgastes. O principal porta-voz para debater a pauta trazida pelos manifestantes tem sido o secretário de Urbanismo e Transportes, José Carlos Aleluia.
Apesar das incertezas, aliados garantem que o prefeito está tranquilo em relação ao clima das ruas.
“Para quem, como ele, está no início de um ciclo, não há motivo para estar inseguro”, afirma o vereador Cláudio Tinoco (DEM), que este ano incorpora o mote dos protestos e vai para o desfile sob o lema “Eu também quero um Brasil melhor”.
Vaias
No QG de Jaques Wagner, a expectativa é que, a despeito do clima de protestos, o desfile seja mais tranquilo do que no ano passado.
Há um ano, na esteira da greve dos professores e do período pré-eleitoral, o governador foi alvo de vaias e críticas por parte da população que participou do cortejo do Dois de Julho.
Em janeiro deste ano, pela primeira vez desde que assumiu o cargo, Wagner deixou de ir à tradicional Lavagem do Bonfim.
A avaliação de aliados de Jaques Wagner é que os protestos este ano deverão ter um caráter mais difuso, já que o alvo principal não seria o governador e sim a classe política em geral.
Os petistas também esperam uma resistência menor por parte os servidores públicos estaduais, que tradicionalmente participam do Dois de Julho com protestos contra o governo.
“Estamos vivendo um momento muito bom, com negociações avançando com diversas categorias como os médicos e professores”, assegura o líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado Zé Neto (PT).
Por João Pedro Pitombo
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