A greve dos professores da rede estadual de ensino foi deflagrada no dia 11 de abril, e, próximo a completar um mês de paralisação, a coordenadora da APLB/Sindicato, professora Francisca Brasília Marques, afirma que o movimento tende a se estender, apesar do corte do ponto dos trabalhadores, haja vista a indisponibilidade do Governo do Estado em negociar com os líderes grevistas.
A principal reivindicação da classe é a equiparação do reajuste salarial, tal qual como foi acordado com o governo no mês de novembro do ano passado, em que ficou estabelecido: “O reajuste salarial do magistério da rede estadual, do ensino fundamental e médio, será o mesmo do piso salarial profissional nacional, nos anos de 2012, 2013 e 2014, a partir de janeiro de cada ano, incidindo sobre todas as tabelas vigentes” – reza o acordo.
Entretanto, o reajuste do piso, igual a 22,22%, foi aplicado, somente, aos professores do magistério – parte pequena do total de professores do Estado. “É preciso que os pais, a sociedade, entendam que o piso deve ser um parâmetro para o salário dos professores, então, se ele aumenta, os demais professores em todas as formações têm que receber o mesmo percentual de aumento, pois, se isso não acontece, nós temos o achatamento salarial”, explicou a representante da APLB.
“O aumento do piso foi de 22,22%, o governo equiparou o piso para os professores nível I [correspondente ao magistério], e só deu 8% para os outros. A greve é para que não haja a precarização do trabalho, pois um professor que ficou quatro anos no banco da universidade estudando, pesquisando, lendo, se preparando para estar à frente de uma classe só vai ganhar apenas 29 centavos a mais do que o professor que só fez o magistério”, disse Brasília.
A coordenadora assinala ainda a preocupação que há com o déficit de professores na Bahia. “Hoje, o salário de um professor que entra no Estado é R$ 850, um pouco mais que o mínimo, então, não está compensando – não vai ter profissional no Estado que queira trabalhar com esse salário”, e destacou ainda que a referida “precarização” da educação estende-se não apenas à defasagem do salário, mas também à falta de investimentos na própria estrutura das escolas, que não foram ampliadas, reformadas, ou novas escolas construídas, além da inoperância ou precariedade de salas de informática, bibliotecas e outros setores das instituições.
Em relação aos argumentos apresentados pelo governo do estado quanto ao não atendimento das reivindicações dos grevistas, Brasília definiu-os como “falaciosos”. “Nós temos ouvido na mídia a informação de que o salário médio de um professor do Estado é de R$ 3.400, mas são muito poucos os professores que ganham isso – eu queria até ver um, porque até hoje não conheci. Outro discurso dele é de que o Estado não tem dinheiro, porque é preciso investir na saúde, investir em estradas, mas esse é um discurso falacioso, porque as verbas da educação são carimbadas, a arrecadação da Bahia era de R$ 8 milhões, hoje são de quase R$ 14 milhões, então, aumenta a arrecadação, mas não aumenta o investimento em educação – e, se o Estado não tem dinheiro, o MEC cobre, basta que o governo abra as contas e prove que realmente não tem verba para pagar”, destacou a professora.
Em toda a Bahia, mais de 1 milhão de estudantes estão sendo prejudicados com a greve. A direção do movimento grevista, em Salvador, informou, através de entrevistas divulgadas recentemente que a paralisação continua, e que a sua prorrogação dependerá da postura adotada pelo governo do estado, que, até então, não tem dialogado abertamente com o movimento.
Por Raíssa Félix / Jornal Alerta
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