O avanço tecnológico tem modificado as relações humanas em diversos setores, dentre eles, as amizades que a gente cria para interagir. Grupos de redes sociais como o Facebook e Whatsapp costumam juntar uma quantidade de pessoas que nem sempre se conhecem pessoalmente, ligadas por interesses em comum, que podem ser relacionadas à moda, notícias, vendas, dentre outras coisas.
Alguns grupos de Teixeira de Freitas têm acostumado a fazer festas para comemorar o tempo que estão no ar, ou fazer festas relacionadas ao tema do grupo. O grupo “Texas Now”, por exemplo, completou um ano no dia 29 de março e o administrador reuniu todos em sua casa para que a maioria deles se conhecessem pessoalmente.
Algo semelhante aconteceu com o “Grupo News! ”, que os integrantes do grupo fizeram um churrasco para ver pessoalmente aquelas pessoas que diariamente mandam “bom dia” e “felicitações”.
De acordo com a psicóloga Eleandra Machado, há diversas hipóteses psicológicas da área da psicologia social para explicar essa mudança comportamental. Como a falta de tempo para a interação, pois “na modernidade, a amizade virtual apareceu e tomou forma devido ao escasso tempo que o ser humano tem”.
Em meio a trabalho, trânsito e outras questões diárias, muitas vezes a pessoa não tem tempo de fazer novas amizades ou visitar amigos, e as redes sociais vêm para ajudar a “encurtar distâncias” por meio de mensagens instantâneas, em tempo real.
Outra hipótese, segundo Eleandra, é a suposta “segurança de se relacionar”, estando dentro de casa, ou em qualquer outro lugar considerado seguro, e conversando com pessoas que estão em muitos lugares diferentes.
Mas você se imaginaria dividindo sua intimidade e pensamentos com um grupo de pessoas reunidas em praça pública, que nunca se viram antes e ninguém sabe o que irão fazer com as informações de sua vida? E não é isso o que acontece com um grupo de Whatsapp? Alguém assina um termo de confiabilidade ao entrar no grupo? Essas questões, obviamente, não são fáceis de serem respondidas por quem já considera essa nova relação humana normal.
Outra hipótese lembrada por Eleandra é que “quando a pessoa se relaciona virtualmente elas leem e respondem, e na vida real nem sempre escutamos as pessoas. Na tecnologia é necessário ler, ou seja, escutar, desta forma a ansiedade diminuiu e a relação se torna aparentemente sólida, o que nem sempre corresponde à realidade”.
A psicóloga coloca ainda que “a impressão que se dá é que você está em real interação com o outro, mas isso não corresponde a total realidade, pois quando você vai para a vida real, a pessoa que estava acostumada a te ler, te escutar, no inbox do Facebook, no whatsapp e outros, pessoalmente pode não te escutar, não dar a devida atenção e não valorizar sua fala e seu conteúdo”.
“As relações tecnológicas são importantes, mas ainda não substituem as relações humanas pautadas no contato”, ressalta Eleandra, que diz ainda que pode haver pessoas que utilizam os recursos virtuais por medo de interagir, escondendo a dificuldade de manter contato com o outro.
Por: Petrina Nunes/SulBahiaNews
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